Viagem aos Medos

i see you (explore) | model: mary | Lauren Marek | Flickr

Olho o meu reflexo no espelho, curiosa. Ansiosa, por ver algo mais do que aquilo que os meus olhos me têm oferecido para ver. Olho mais fundo e deixo-me cobrir pelo sussurro que de repente ouço.
Pediram-me entre descabidos choros que me deixasse levar para o sítio que há tanto ansiavam mostrar-me. Lutei com medo do desconhecido que estava prestes a encarar e gritei até o revolto som se extinguir.
Já nada restava de revolta, já nada restava de medo, já nada restava da ânsia que ultimamente me acompanhava. Flutuei em direção ao meu maior receio pronta a olhá-lo e acariciá-lo, pronta a enfrentá-lo. Algo ou alguém me disse que tinha chegado a derradeira hora, que tinha chegado o momento ao qual não mais poderia fugir. Avancei a largos passos para aquele que seria o novo começo da bela vida que esperava por mim.

E ali estava aquele a que eu apelidava de demónio, sentado numa pequena cadeira. Observava-me, com pequenos olhos que transmitiam fraqueza, a cada passo que dava. Sentei-me mesmo ao lado dele na cadeira que parecia estar ali para mim e apenas lhe perguntei o que precisava. “Amor” foi a resposta que obtive. Toquei-lhe com toda a bondade que tinha e prometi-lhe dar-lhe aquilo que tanto me implorou.
Voltei ao presente e apercebi-me que a melhor forma de enfrentar os nossos próprios demónios é com amor, é com o amor que eles tanto desejam.

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