Páginas de uma Vida
Folheio as páginas do
livro que recentemente chamou por mim das prateleiras de meu quarto. Era noite quando
o fez. Uma noite atribulada, sem manchas de estrelas cadentes no céu e com
pingas de chuva triste na janela. Acordei sobressaltada com o susto que acabava
de apanhar, e depressa me tranquilizei ao perceber que era um simples livro que
de mim precisava.
Semanas se passaram
desde tal acontecimento e eu encontro-me neste irreal presente acompanhada pelo
livro outrora simples. Sinto a textura da sua vida na ponta dos meus dedos
decidindo que está na altura de abrir a porta que é a capa do mesmo para viajar
numa história desconhecida. Percorro com meu olhar decidido a primeira frase
percebendo logo que história estava a ler. De meus lábios brota um sorriso
nunca antes visto ao sentir o cheiro do livro que afinal não era assim tão
desconhecido. De minha mente gritam pensamentos surpreendidos com o tamanho
desafio que se encontrava nas perfumadas páginas.
Noites e dias
agitados passaram por mim durante a leitura das metáforas da vida que se
encontravam no livro. A cada hora que caminhava para longe de mim, eu percebia
a aflição que aquele livro tinha por eu nunca o ter lido. Aquele sufoco que
preenchia as páginas nunca antes folheadas ia desaparecendo. O cheiro ia-se acostumando
à fisiologia do espaço que me rodeava. A textura passava a misturar-se com as
pontas de meus dedos. E, no momento em que chego à última frase, suspiro
aliviada por saber que aprendi com a história da minha vida a beleza que é
viver.
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