O Lugar das Almas
Rodeada de quatro
paredes, sinto. Sinto em cada parte da minha mente e corpo a história que estas
tão bem guardam. Quatro paredes de uma vida e uma sala formada no silêncio que
a observa. Uma sala que a tudo assiste e que contra nada se revolta
simplesmente por ser tão calma como nunca aquelas paredes foram.
Eu, no meio de tanto
paradoxo, deixo-me cair em direção ao chão frio. Consigo senti-lo e a tudo o
que sustentou. A negatividade conjuntamente com o que esta trouxe foi o que
este chão sustentou. Mas, ainda assim, se manteve, quase intacto. Rachado
apenas num dos cantos, no canto que maior brilho irradiava. Aquele canto tão
especial, aquele que era o meu canto preferido em toda a imensidão. O cantinho
que tantas vezes eu tinha rachado e, mais tarde, preenchido com todo o meu amor
para que brilhasse face à cura que está aliada a esse puro sentimento.
O lugar onde pertence
a minha alma é precisamente esse. O lugar a que todas as almas deveriam de
pertencer é só esse. Este é o lugar onde podemos ser nós, sem filtros, prontos
para sentirmos o nosso Eu. Sentir não é, nem nunca será, apenas contactar com o
exterior, sentir é olharmos para dentro de nós e darmos livre vontade às nossas
emoções para que se manifestem. Pois sair do nosso mundo valerá mais a pena se
já tivermos contactado connosco. Para vivermos a vida em pleno temos de
aprender com cada rachadura que provocamos no chão que nos alberga para, um
dia, sabermos como preencher essa mesma falta com o brilho que tanto merecemos.
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